Cirurgia plástica em adolescentes
Ter um paciente satisfeito é um desafio que vai além do sucesso da cirurgia plástica. Paciente e médico precisam estar com as expectativas alinhadas. Na prática, isso requer um médico capaz de explicar e um paciente capaz de compreender o que realmente pode ou não ser alcançado numa mesa de cirurgias.
Esse desafio é considerável para adultos e se torna ainda maior entre adolescentes, devido às discussões sobre a real necessidade de se submeter a procedimentos cirúrgicos tão cedo. O debate tem aumentado junto com a procura, que saltou 141% entre 2008 e 2012. No mesmo período, as plásticas em adultos cresceram bem menos: 38%.
Lipoaspiração
Cerca de 60% das plásticas realizadas por adolescentes são estéticas e, entre elas, a lipoaspiração se destaca como uma das mais procuradas. O procedimento não serve para emagrecer, como muitos pensam, e sim para eliminar gordura localizada, melhorando o contorno corporal. Apesar de ser mais comum na região abdominal, a lipo também pode ser feita em regiões como coxas, braços, pescoço, cintura, costas, parte medial do joelho, peito, bochechas, queixo, pernas e tornozelos.
Em meninos, é comum a lipoaspiração estar associada à ginecomastia. O procedimento reduz mamas que cresceram demasiadamente, seja por alguma disfunção metabólica, como hipertireodismo, seja por influência do excesso de células de gordura em jovens acima do peso.
Cirurgias da face
Um comportamento muito comum nos consultórios é o desejo dos jovens de copiar seus ídolos. Seja a boca da Angelina Jolie ou o nariz a Jennifer Aniston, a primeira pergunta ao médico é sobre a possibilidade de fazer algo exatamente igual no próprio rosto.
O aconselhamento nessas situações é fundamental, pois a pessoa deve buscar o melhor para ela, no contexto de sua aparência. Os ídolos podem até ser uma referência, mas não copiados, pois o resultado pode não ser harmônico.
Relação transparente
Como mostramos nos posts anteriores, a relação entre médico e paciente precisa ser transparente e inspirar confiança para que, caso a caso, a melhor solução seja encontrada. Às vezes, o suporte psicológico pode ser recomendado para que a complexidade das emoções envolvidas naquele momento seja bem trabalhada.
As inseguranças típicas da pouca idade, somadas às mudanças rápidas que o corpo sofre nessa época sempre foram variáveis importantes e que pesam para formar os desejos dos adolescentes. Mas agora, existe a influência das redes sociais e de toda a exposição de imagem que elas proporcionam. Os selfies estão por toda parte e podem despertar o desejo de mudar algum traço no rosto ou no corpo.
Não existe fórmula mágica para a resposta. Cada caso precisa ser avaliado individualmente e, por vezes, com suporte completo, de médico, de psicólogo e da família.